V I S G O
Gilson Cavalcante
Na clarividência
das mangabas
o visgo do vôo
no vão da fala
des/aba abismos.
O pássaro mitológico
leva no bico o passado
na ordem dos invertebrados
e o fígado de Prometeu.
Tudo que cai é meu
grito de batismo.
Vivo de aparar estrelas
cadentes no cesto
do ceticismo.
Faço das cordas
o cadafalso do lirismo.
Lembranças:
aviões e navios de papel
carretéis de linha
lápis de cor sem pontas
e uma borracha
de apagar os borrões
da alma dos jornais.
- Toda herança.
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