terça-feira, 25 de outubro de 2011

Obra do poeta e jornalista Gilson Cavalcante é reconhecida em concurso da UBE-GO

O jornalista, poeta, escritor e compositor Gilson Cavalcante teve o seu livro de... poesia inédito A Mofina-flor de Morfeu premiado na Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, Da União Brasileira de Escritores – seção de Goiás. A divulgação do resultado ocorreu no final da tarde de terça-feira, na sede da entidade, em Goiânia.


Como prêmio, o poeta terá sua obra publicada (90 poemas) e mais 20 salários mínimos em dinheiro. A Mofina-flor de Morfeu é composto de poemas densos que falam da dor, do vazio e do nada, de forma lírica, filosófica, com pitadas de humor e com um esmerado jogo de palavras bem construído.

O livro de Gilson Cavalcante, de acordo com a comissão julgadora, composta pelos escritores e críticos literários Delermando Vieira Sobrinho, Carlos Willian Leite e Maria de Fátima Gonçalves Lima, A Mofrina-flor de Morfeu trata-se de uma obra poética “erguida dentro do contexto existencial, muito bem estruturada, cuja lírica se concretiza ao fôlego das ideias inerentes à dor humana, como, também, à eficácia do jogo de palavras, seus significados, estigmas e vicissitudes, tão correlatos ao íntimo do ser”.

A comissão conclui que o poeta Gilson Cavalcante “trabalha com concisão, lirismo, sem, contudo, deixar-se perder em suas nuances poéticas, ao sentido de suas ideias, bem como às imagéticas, mensagem e sabedoria”.

O poeta abre sua Morfina-flor com o seguinte poema: entro neste livro como um gerúndio: doendo, sangrando em palavras, ardendo na área do conflito. Não sei se voo ou grito.

Depois apresenta a dor que sente: eis aqui a dor: poema irrigado a sangue e morfina. O amor furou meus olhos, o amor-fêmea. Amorfo, procuro nos ossos o gesto de mim - forma e fundo. A dor morfológica morfema, morfina-flor. O poema em conta-gotas comprimido no coágulo. Grito, grito para anunciar essa dor coletiva que nos aglutina na contorção do mito.

Gilson Cavalcante se despede de sua dor e do seu vazio com o poema

“Em companhia de mim mesmo”

saio deste livro

(não sei se livre)

pingando o último poema

porém aliviado

apenas com uma cicatriz

nos olhos



vou voltar ao passado

e levo como presente

as coisas que deixei de lado



o futuro é o que se faz

alado

Gilson ja publicou 6 livros de poesia, dos quais dois foram premiados. "69 Poemas - Dos Lençóis e da Carne", em parceria com Hélverton Baiano, "Lâmpadas ao Abismo". "Ré/Ínventário da Paisagem", "Poemas da Margem Esquerda do Rio de Dentro", este contemplado com menção honrosa especial no concurso literário nacional PRÊMIO CIDADE DE JUIZ DE FORA, em 2001, "O Bordado da Urtiga", prêmio da Bolsa de Publicações Maximiano da Matta Teixeira, 2008, da Fundação Cultural do Tocantins, e "Anima Animus - O Decote de Vênus", Estes dois últimos foram publicados em 2009, sendo o primeiro em julho e o último no dia 31/12/09. Já ganhou vários concursos literários em Goiás e em outras regiões, com poemas avulsos.

Gilson vence Bolsa Hugo de Carvalho Ramos - Luiz Armando Costa


“Em companhia de mim mesmo”

saio deste livro

(não sei se livre)

pingando o último poema

... porém aliviado

apenas com uma cicatriz

nos olhos

vou voltar ao passado

e levo como presente

as coisas que deixei de lado

o futuro é o que se faz

alado



Gilson Cavalcante papou mais um concurso. Ainda não entendi essa Academia de Letras do Estado. Gilson ali não está, talvez por força de outras circunstâncias ou mesmo pela falta de interesse do poeta em ali se colocar. Sabe-se que na ATL tem de tudo: político, gente de um livro só, outros que fizeram coletânea de artigos publicados e o transformou em obra completa. Mas, convenhamos, como a imortalidade é da obra e não do autor, fica o dito pelo não dito.

Desde que conheço Gilson Cavalcante, o poeta e jornalista vive da mesma forma, livre e sem apegos a convenções. E isto faz tempo numa turma boa que tinha os também poetas e amigos Tião Pinheiro, Helverton Baiano, Edival Lourenço, Delermando Vieira, Pio Vargas, Tagore Biran, Ubirajara Gali, Goiamérico Felício, Brasigóis Felício. Era um grupo que se encontrava nos botecos no meio da semana para jogar futebol no domingo. Bom de copo, bom de pena mas, claro, ruim de bola.

Pois esta semana Gilson Cavalcante teve o seu livro de poesia inédito A Mofina-flor de Morfeu premiado na Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, Da União Brasileira de Escritores – seção de Goiás. A divulgação do resultado ocorreu no final da tarde de terça-feira, na sede da entidade, em Goiânia. É uma conquista e tanto. A Bolsa é, senão o maior, o mais importante prêmio literário do Centro-Oeste, uma das maiores honrarias do país.

Como prêmio, o poeta terá sua obra publicada (90 poemas) e mais 20 salários mínimos em dinheiro. A Mofina-flor de Morfeu é composto de poemas densos que falam da dor, do vazio e do nada, de forma lírica, filosófica, com pitadas de humor e com um esmerado jogo de palavras bem construído.

O livro de Gilson Cavalcante, de acordo com a comissão julgadora, composta pelos escritores e críticos literários Delermando Vieira Sobrinho, Carlos Willian Leite e Maria de Fátima Gonçalves Lima, A Mofrina-flor de Morfeu trata-se de uma obra poética “erguida dentro do contexto existencial, muito bem estruturada, cuja lírica se concretiza ao fôlego das ideias inerentes à dor humana, como, também, à eficácia do jogo de palavras, seus significados, estigmas e vicissitudes, tão correlatos ao íntimo do ser”.

A comissão conclui que o poeta Gilson Cavalcante “trabalha com concisão, lirismo, sem, contudo, deixar-se perder em suas nuances poéticas, ao sentido de suas ideias, bem como às imagéticas, mensagem e sabedoria”.

Gilson ja publicou 6 livros de poesia, dos quais dois foram premiados. "69 Poemas - Dos Lençóis e da Carne", em parceria com Hélverton Baiano, "Lâmpadas ao Abismo". "Ré/Ínventário da Paisagem", "Poemas da Margem Esquerda do Rio de Dentro", este contemplado com menção honrosa especial no concurso literário nacional PRÊMIO CIDADE DE JUIZ DE FORA, em 2001, "O Bordado da Urtiga", prêmio da Bolsa de Publicações Maximiano da Matta Teixeira, 2008, da Fundação Cultural do Tocantins, e "Anima Animus - O Decote de Vênus", Estes dois últimos foram publicados em 2009, sendo o primeiro em julho e o último no dia 31/12/09. Já ganhou vários concursos literários em Goiás e em outras regiões, com poemas avulsos.







A Morfina-Flor de Morfeu

O livro de Gilson Cavalcante, de acordo com a comissão julgadora, composta pelos escritores e críticos literários Delermando Vieira Sobrinho, Carlos Willian Leite e Maria de Fátima Gonçalves Lima, A Mofrina-flor de Morfeu trata-se de uma obra poética “erguida dentro do contexto existencial, muito bem estruturada, cuja lírica se concretiza ao fôlego das ideias inerentes à dor humana, como, também, à eficácia do jogo de palavras, seus significados, estigmas e vicissitudes, tão correlatos ao íntimo do ser”.
A comissão conclui que o poeta Gilson Cavalcante “trabalha com concisão, lirismo, sem, contudo, deixar-se perder em suas nuances poéticas, ao sentido de suas ideias, bem como às imagéticas, mensagem e sabedoria”.

II
eis aqui a dor:
poema irrigado a sangue
e morfina.

o amor furou meus olhos,
o amor-fêmea.

amorfo, procuro nos ossos
o gesto de mim
forma e fundo.

a dor morfológica
morfema, morfina-flor.

o poema em conta-gotas
comprimido no coágulo.

grito, grito
para anunciar essa dor
coletiva que nos aglutina
na contorção do mito.


III
não fui eu
quem inventou
a anestesia
nem o Anador.

inventei essa poesia
como tentativa de alívio
para nossa insônia.

nem o vazio inventei
embora repleto
em seu conteúdo.

de repente
sou o adorador
de ausências
enrolando o fogo
no círculo da serpente.


IV
dorme em mim
uma dor de marfim

não é de mármore
a memória do muro
de Berlim

vivo de acidentes
para recompor os olhos
diante da paisagem
visto que outono
me desmancha do outro
lado do ocidente

minha dor onera o sono
e Morfeu acorda os meus ombros
para o pesadelo de Sísifo

a pedra que tudo protela
me arremessa o corpo
acima da primavera

VIII
em Edu
a dor se educou
no fígado

(nas vísceras
o fogo de Prometeu)

a dor pedagógica
ensina o caminho
da lógica da flor
e do espinho

a dor e as suas aulas
de abstracionismo
no alívio do concreto
da arte de ¼ moderno

a cor da dor
no mar-te-lo ver-me-lho
inter-fere, Interferon
dentro da metáfora
a agulha se faz fantasia
dor, azia, ânsia

nem por isso a eutanásia

só quem tece a dor no fígado
sabe o fogo e o hálito do abismo


XII
codificaram a nossa dor
no DOI-CODI
a dor de não-lágrimas
a dor do silêncio

nossos retratos em 3x4
nossos dados gritos dedos
empilhados nos arquivos
mortos pesaram
sobre os anos de chumbo

o inventário dos ossos nossos
dilatados nos olhos

a delação na dor
embrulhada pela página
virada da história

de que adianta a exumação
dos cadáveres se a dor continua
com os seus martelos vermelhos?


XVII
se me doo
não grito

doar não
me deixa aflito

doer:
nosso eterno conflito

XX
a dor é transparente
e vem na ponta d´agulha
líquida onde mora
seu antídoto

antes do mito
ela mente

essa dor passa no sono?

dormir a dor
é um ledo engano

doer infinitamente
até entendermos a morfologia
desse sentimento

até doarmos o sangue
suficiente da guerra
que inventamos

ou sagrarmos
até a última gota do poema

a dor como dom
do resgate é plena

Em companhia de mim mesmo

saio deste livro
(não sei se livre)
pingando o último poema
porém aliviado
apenas com uma cicatriz
nos olhos

vou voltar ao passado
e levo como presente
as coisas que deixei de lado

o futuro é o que se faz
alado