segunda-feira, 25 de abril de 2011

A boca imatura de Édipo

Gilson Cavalcante – abril/2011


Martelos desmantelam tábuas


para a hora da crucificação.



Pregos como tabuadas


para a construção da nova ordem


de pagar os pecados.



Em que cruz o nosso corpo?


Em que cálice nosso sangue?



As coisas indizíveis nos armários


são o visgo das mangabas


na elasticidade do vazio.



Minha infância ainda nos confessionários



A construção de mim


não está no concreto


mas no sopro de todas as ausências.



O tempo é minha morada


antes de tudo, o nada


onde os deuses fabricam o não-ser


pela via – láctea dos seios


na boca imatura de Édipo.