Gilson Cavalcante – abril/2011
Martelos desmantelam tábuas
para a hora da crucificação.
Pregos como tabuadas
para a construção da nova ordem
de pagar os pecados.
Em que cruz o nosso corpo?
Em que cálice nosso sangue?
As coisas indizíveis nos armários
são o visgo das mangabas
na elasticidade do vazio.
Minha infância ainda nos confessionários
A construção de mim
não está no concreto
mas no sopro de todas as ausências.
O tempo é minha morada
antes de tudo, o nada
onde os deuses fabricam o não-ser
pela via – láctea dos seios
na boca imatura de Édipo.
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