“Em companhia de mim mesmo”
saio deste livro
(não sei se livre)
pingando o último poema
... porém aliviado
apenas com uma cicatriz
nos olhos
vou voltar ao passado
e levo como presente
as coisas que deixei de lado
o futuro é o que se faz
alado
Gilson Cavalcante papou mais um concurso. Ainda não entendi essa Academia de Letras do Estado. Gilson ali não está, talvez por força de outras circunstâncias ou mesmo pela falta de interesse do poeta em ali se colocar. Sabe-se que na ATL tem de tudo: político, gente de um livro só, outros que fizeram coletânea de artigos publicados e o transformou em obra completa. Mas, convenhamos, como a imortalidade é da obra e não do autor, fica o dito pelo não dito.
Desde que conheço Gilson Cavalcante, o poeta e jornalista vive da mesma forma, livre e sem apegos a convenções. E isto faz tempo numa turma boa que tinha os também poetas e amigos Tião Pinheiro, Helverton Baiano, Edival Lourenço, Delermando Vieira, Pio Vargas, Tagore Biran, Ubirajara Gali, Goiamérico Felício, Brasigóis Felício. Era um grupo que se encontrava nos botecos no meio da semana para jogar futebol no domingo. Bom de copo, bom de pena mas, claro, ruim de bola.
Pois esta semana Gilson Cavalcante teve o seu livro de poesia inédito A Mofina-flor de Morfeu premiado na Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, Da União Brasileira de Escritores – seção de Goiás. A divulgação do resultado ocorreu no final da tarde de terça-feira, na sede da entidade, em Goiânia. É uma conquista e tanto. A Bolsa é, senão o maior, o mais importante prêmio literário do Centro-Oeste, uma das maiores honrarias do país.
Como prêmio, o poeta terá sua obra publicada (90 poemas) e mais 20 salários mínimos em dinheiro. A Mofina-flor de Morfeu é composto de poemas densos que falam da dor, do vazio e do nada, de forma lírica, filosófica, com pitadas de humor e com um esmerado jogo de palavras bem construído.
O livro de Gilson Cavalcante, de acordo com a comissão julgadora, composta pelos escritores e críticos literários Delermando Vieira Sobrinho, Carlos Willian Leite e Maria de Fátima Gonçalves Lima, A Mofrina-flor de Morfeu trata-se de uma obra poética “erguida dentro do contexto existencial, muito bem estruturada, cuja lírica se concretiza ao fôlego das ideias inerentes à dor humana, como, também, à eficácia do jogo de palavras, seus significados, estigmas e vicissitudes, tão correlatos ao íntimo do ser”.
A comissão conclui que o poeta Gilson Cavalcante “trabalha com concisão, lirismo, sem, contudo, deixar-se perder em suas nuances poéticas, ao sentido de suas ideias, bem como às imagéticas, mensagem e sabedoria”.
Gilson ja publicou 6 livros de poesia, dos quais dois foram premiados. "69 Poemas - Dos Lençóis e da Carne", em parceria com Hélverton Baiano, "Lâmpadas ao Abismo". "Ré/Ínventário da Paisagem", "Poemas da Margem Esquerda do Rio de Dentro", este contemplado com menção honrosa especial no concurso literário nacional PRÊMIO CIDADE DE JUIZ DE FORA, em 2001, "O Bordado da Urtiga", prêmio da Bolsa de Publicações Maximiano da Matta Teixeira, 2008, da Fundação Cultural do Tocantins, e "Anima Animus - O Decote de Vênus", Estes dois últimos foram publicados em 2009, sendo o primeiro em julho e o último no dia 31/12/09. Já ganhou vários concursos literários em Goiás e em outras regiões, com poemas avulsos.
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