janela. jaz nela o vão
de todas as esperas
o vôo embalsamado
das aves-primavera
janela de espiar
as moças (donzelas)
indo para a igreja
domingo
janela de adular o vazio
dentro da tarde que se vai
na silhueta do infinito
como um grito amarelo
(a saudade levada no bico)
janela de olhos vasculhando
o defunto em sua caixa
de música tocando seus ossos
de encontro às raízes que plantamos
sobre o cálcio da solidão
do sossego do gesso
pássaros assombrados
de asas de fogo fecham
a janelacônica
voo de enxugar o gesto
com o ferrolho da infância
no vão das coisas que passam
e ficam presas dentro da gente
Nenhum comentário:
Postar um comentário