segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ainda sobre O Decote de Vênus

Darcy, amiga-irmã, quanto ao poeta e jornalista Gilson Cavalcante, ele é de fato informado sobre Jung, e a teoria da individuação. Foi muita coragem e habilidade da parte dele, assumir um eu lírico feminino no seu livro Anima Animus - O Decote de Vênus - Diz Brasigóis Felício, em via e-mail à professora universitária, escritora, ensaísta, poeta e crítica literária Darcy França Denófrio, que, em resposta a Brasigóis faz o seguinte comemtário sobre a mais recente obra poética de Cavalcante:
Sobre o seu ensaio acerca do livro do poeta e jornalista Gilson Cavalcante resolvi não postar o comentário, porque eu não teria condições de fazer apreciação do livro, caso ele me enviasse. Estou com um verdadeira montanha de livros de autores de Goiás e de fora, que me pedem uma palavrinha.
Gostei de seu ensaio e não sei como você consegue produzir tanto - para jornais e blogs. Aliás, sei. Além de sua capacidade para ver o literário, a juventude é uma das razões. E principalmente seu treino para escrever sob pressão, adquirida no jornalismo.
Quanto ao Gilson, fico imaginando, entre outras coisas, que ele deva ser um poeta bem informado. A obra Anima Animus ou O Decote de Vênus pressupõe, como lhe disse, conhecimento da teoria da Estrutura da Psique, de C.G. Jung. No Processo de Individuação de Jung, a confrontação ou enfrentamento da anima ( feminilidade inconsciente no homem) ou animus (masculinidade inconsciente que existe no psiquismo da mulher) é a terceira etapa desse processo e que, aliás, precede o momento de totalização do ser (e não de perfeição), ou seja, o do alcance do self (=si mesmo). O self passa a ser o centro da personalidade. Aquele que busca individuar-se (e não tornar-se perfeito) já desvestiu a máscara (a aparência artificial), já passou pelo enfrentamento da sombra (nosso lado escuro, as coisas que não aceitamos em nós). Já houve o confronto entre consciente e inconsciente. Atingiu o self. Sabe conviver pacificamente com as tendências opostas, irreconciliáveis, inerentes à natureza humana.
Tenho um trabalho sobre a obra de Yêda chamado "De Penélope a Atalanta: o processo de individuação em Yêda Schmaltz". Saiu numa revista da UFG.
Não sei em que sentido o Gilson usou essa teoria. Mas se ele presta homenagem a Yêda, tem tudo a ver. Intrigante um livro, feito por um homem, tendo como tema o universo feminino.Achei interessante você dizer que no início do livro (se é que entendi bem), Eva assume o "eu lírico". Para um homem, esta é uma senhora proeza.
Enfim, estamos no terceiro milênio. Chico Buarque foi capaz disto bem antes desse poeta.

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