O vício em mim se fez no cansaço, quando no fígadoo fogo já era fátuo. As virtudes do vício no vinho que sangro pelo cálice de Alice desfigurada. A nódoa do vício na uva passa: veneno que se alastra na decomposição da boca para a virtude do pecado presa na língua do lasso. Sangrar é próprio de quem adivinha lâminas. Sangrar no próximo é acender amoras em lantejoulas e jogá-las nos olhos de quem chora. Migrar em sangue a mortalha da penhora. Pecar, pecar, pecar até arder em chamas. Pecar pelo que chamas e nunca chega. Pecar ao pontodo carbono original que a carne nutre no paraíso das delícias. A ser vício da serpente desfruto da árvore da volúpia: cabelos, cabides, perfume e ócio. Pecar é meu divórcio.
Gilson Cavalcanti
Um comentário:
É nas retortas idiossincráticas que se destilam os melhores sintéticos para nossos vícios de poetas.
Como, Gilson, não viajar contigo em tanta beleza? Como não cobrir de lantejoulas nossos olhos vampirescos?
Haja poesia para tanto vício!
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