terça-feira, 20 de agosto de 2013

EMPORIUM

Aqui dentro de minha caixa de rascunho
guardo umas latas de querosene jacaré
uns rolos de corda bacalhau
uns anzóis e seus predicados
umas linhas de carretel e de náilon
uns nacos de carne-de-sol
umas caixas de ramona
retrós coloridos
uma porção de agulhas
enfiadas na carne das al-mofadas
e umas lembranças esquecidas
nas gavetas dos balcões
que sustentavam umas bobinas
de papel pra embrulhar as mercadorias
que meu pai vendia
muitas delas fiadas, anotadas
numa caderneta.
Ai, meu Deus, o que seria de nós
se não fossem as lembranças?
seríamos seres desmemoriados
e sem história. A vida seria muito triste!

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